segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parto do ponto

É desse ponto que vou
além do ponto que estou
estagnado em frente ao Sol
e ainda assim buscando farol

Sem norte, sem rima
só o céu azul acima
com poucas nuvens e sorridente
com um poderoso calor latente

Tenho pássaros cantando ao meu redor
mas não tenho mais ninguém
estou só.

Talvez seja só isso o que falta:
o parto do ponto.
Nascer de novo de onde parei,
sem pensar se um dia serei,
se um dia será.

O dia sorriu e disse:
"você só precisa ter a quem amar,
saiba ela ou saiba não,
do fundo do teu coração,
é só amar profundamente,
que lhe acordarei sorridente."

Vamos então sentindo a dor do parto:
parto pra outra, todos os dias.
Outras aventuras, outros momentos.
Outros lugares e até outros ventos.

Soluços e tropeços me esperam,
mas a curiosidade e paisagens me carregam
de ponto a ponto,
de parto em parto,
de gente em gente,
de verso em verso.

Quem sabe um dia regresso
só para fazer o  inverso:
dar um belo sorriso aberto
a cada dia que me despeço.

Poemeu para Camis

Se pensas que ser adulto
é a última fase que lhe resta
não descobriu a grade dádiva que é
recordar que a criança que vive em ti
não precisa morrer.

Alimenta ela pois!
Só se pode amar quando se está jovem!
E juventude não é caractere físico
mas um estado de espírito transcendental.
Faz sorrir de novo a mais bela flor que brota do mais fundo do seu ser.

Pois quem sorri pra vida,
esta lhe sorri de volta.
E antes que lhe negue a felicidade em vida
não negue a vida à felicidade.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Crucial ao ponto de norte

Não há um dia em que os sonhos e inquietações passem sem dizer algo: está tudo no sub. É algo que você deseja ardentemente que aconteça, que as vezes até acha que aconteceu de verdade e que não vai precisar viver a dura realidade do não ser novamente.
Dura pouco, uns 5 minutos estourando, mas durante esse tempo, Einstein é posto a prova e confirma que tempo e espaço podem variar, conforme anda o teu pensamento. Numa questão de perspectiva variada, pode ser que dali as coordenadas se alterem, que teu rumo se aprume e que finalmente o fluxo seja restabelecido.
Crucial para o ponto de norte é descobrir se o ponto para onde você tem apontado é realmente onde nasce o musgo. Para isso, existem cartas imaginárias, como as citadas na primeira linha, que podem ajudar a formular um referencial.
Só não se esqueça que pra te desviar da rota, muitas vozes podem ecoar e que, algumas vezes, elas podem indicar erros nos mapas que nunca lhe dariam um belo norte para onde ir.

No fim, compre uma bússola. Que seja ela cara ou barata, mas que te leve até onde você se sinta mais tranquilo em si. Pode ser um bom investimento!

terça-feira, 5 de março de 2013

Sem etiqueta

Só peço a você
que não venha me convencer
de que suas estórias são de nós
e que esse nós não terá fim.

Pode doer na sua alma,
no coração bate sem fim.
Mas não queira, minha amada
deixar uma luz na estrada
se por ela não há uma morada,
uma certeza de amor enfim.

Não me julgues pelo decoro
ou pela ausência para que contigo tenho.
Tu tens em mim gravado
de alma e papel timbrado
um alto valor guardado.

Mas não é por isso que se compra
um produto que de vez em quando se monta
e que de súbito apronta
para o lado que se desmonta.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A doença do bardo boêmio

O grande problema do boêmio é que este possui uma doença, sem cura, mas com tratamento. Um tratamento que precisa ser feito de forma constante. Não é apenas cardíaca, mas que afeta a alma e se aprofunda pelos tecidos se não houver continuidade ou substituição dos remédios dados. O boêmio bardo tem hiperromantismo. Ele não pode deixar de receber sua dose diária para acalmar os ânimos e parar a tremedeira. Se não recebe, o estômago se contorce e a circulação sai do ritmo. O sono fica cada vez mais tenso e a imunidade baixa. É quando este busca por outros "remédios", como a bebida, mas acaba descobrindo neles drogas que só fazem piorar seu já crítico estado. Devem ser receitados amigos, daqueles que não o deixam cair momento algum, formas de recreação, da mais diversas (talvez amorosas) possíveis e, antes de mais nada, novos horizontes.