sexta-feira, 14 de abril de 2017

Já não sou seu afeto

Vou lhe ser bem direto
Já não sou seu afeto

Nunca fui tão discreto
No meu rosto eu atesto
Já não dá
Vá de reto!

Aproveito esse verso
Pra lembrar que detesto
em fofoca eu não presto
porque o resto
Ah, de resto
pouco importa o sucesso.

Não venha com gesto
Não te quero por perto
Agora tô bem esperto
por você não me afeto.

segunda-feira, 7 de março de 2016

terça-feira, 28 de abril de 2015

Lupus

Por que o lobo uiva?
É para conquistar a lua?
Para tirar as crianças da rua?
Ou para dizer "fique na sua"?

Por que bandas
Anda seu bando?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

L'amore è come il gelato



Chega desse jeito
quase noite no horizonte
o Sol se pondo no peito
aconchegando os corações
meio que sem jeito

É assim quando o amor acontece
parece sorvete que derrete na boca
vai descendo cremoso e com gosto de fruta
textura dos céus e sabor de loucura
perdido entre a infância e a sua doçura

Um sorvete italiano,
daqueles que desmancham no simples toque,
se entrega como prazer líquido
eleva a alma até o céu
e te faz pedir mais sempre que se prova.

L'amore è come il gelato
se assim não for
amor de verdade não é

domingo, 27 de julho de 2014

O Monge e o Monte Nemo

Nota:
De costume não conto histórias
Prosas parecem não valer mais que bons versos
Sem estilo seguirei neste escrito,
um verdadeiro miloriano,
sem estilo e com assunto,
pagando de escritor astuto,
quando talvez sejam só lorotas.

O Monge e o Monte Nemo

O monge ali estava
Ao vagar pelo mundo cantava
“Lá ao longe há um monte
Nele há de se ter um motivo
Pelo qual a minha jornada poderei findar.
Enquanto lá não chegar
No meu passo estarei a caminhar.”

Tempestades e verões
Entoadas em lindas canções
De doce melodia disciplinada
Mantinham o monge na estrada.
Quando, como num ato do destino,
Ele se viu a desviar do caminho.
Encontrou num dos horizontes paisagens incríveis
Que o mantiveram em êxtase com suas maravilhas visíveis.
Nem havia percebido,
Mas o transformaram em nada mais que um iludido.

Esquecido da jornada,
Onde estava a estrada?
Até o musgo procurou,
Mas o grande monte ele não avistou.
A névoa era densa
E a vegetação ao redor estava suspensa.
Era o fim da viagem ao Monte Nemo.

Nemo era chamado
Porque de lá ninguém fora avistado.
O monge então sentado
Permaneceu angustiado
E começou a meditar.
Havia um ditado secular:
“Se o monge não vai ao monte
O monte vai ao monge”.
Ali estava algo em que confiar!
Porém, ao pensar bem
Refletiu e questionou ao ninguém:
“Porque o grande monte iria ao pequeno monge
Se este não tinha o propósito de lá chegar?”

Eis que ao longe
Uma tranquila voz responde:
“Meu pequeno monge
Feche os olhos e aponte o horizonte.
Respire fundo e limpe sua mente.
Quer então que o Grande Nemo te oriente?”

E o monge logo os olhos abriu
Foi quando ele descobriu
Que ao monte pertence o monge
E que sua fé tinha estado longe.
Foi pelas maravilhas visíveis que o destino mandou
Que da estrada ele se distanciou.
E para que pudesse voltar a ver
as aparências precisou esquecer.
Com o coração precisava enxergar
Para que na estrada voltasse a trilhar.

Ao Monte Nemo continuou a rumar
Até o seu bom destino encontrar.
Com belas canções continuou sua jornada,
Cada uma cantando um ponto da estrada,
e dessa vez sem esquecer a mensagem
Que o Grande Monte era a inteira viagem.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Cessar fogo

Cansei.
Já deu de dias perdidos,
de horas mal gastas,
de tempo escorrido,
de suas patadas,
de sua opressão velada.

Se você aceitava,
o problema é seu,
não é meu,
não é cópia,
não é herança.

Cesse-se o fogo.
Não sou teu alvo.
Não quero brado
Nem estar do teu lado.

Quero sossego,
quem sabe um chamego?
Não venha com afago,
enfie-o no...
Não quero de você, nem de sua laia.
De você só espero que saia.
Caia. Vaia. Can(se(i)) de você.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parto do ponto

É desse ponto que vou
além do ponto que estou
estagnado em frente ao Sol
e ainda assim buscando farol

Sem norte, sem rima
só o céu azul acima
com poucas nuvens e sorridente
com um poderoso calor latente

Tenho pássaros cantando ao meu redor
mas não tenho mais ninguém
estou só.

Talvez seja só isso o que falta:
o parto do ponto.
Nascer de novo de onde parei,
sem pensar se um dia serei,
se um dia será.

O dia sorriu e disse:
"você só precisa ter a quem amar,
saiba ela ou saiba não,
do fundo do teu coração,
é só amar profundamente,
que lhe acordarei sorridente."

Vamos então sentindo a dor do parto:
parto pra outra, todos os dias.
Outras aventuras, outros momentos.
Outros lugares e até outros ventos.

Soluços e tropeços me esperam,
mas a curiosidade e paisagens me carregam
de ponto a ponto,
de parto em parto,
de gente em gente,
de verso em verso.

Quem sabe um dia regresso
só para fazer o  inverso:
dar um belo sorriso aberto
a cada dia que me despeço.